sexta-feira, 24 de julho de 2009

A risco

Por vezes fixo-me numa palavra e deixo-me levar. Por vezes fixo-me numa pessoa e deixo-me ficar. O meu estado de espírito é mutável, oscila como o meu corpo, serpenteia como a vida. Aborrece-me não ter todas as respostas, aborrece-me o vazio quando este surge e se retém no horizonte. Mas é assim. Um cruzamento nunca é um fim mas antes o princípio de algo. O que me agrada é suportar os medos que se acercam e agarrar na revolta que se apodera do espírito e pensar que o maior risco é desistir.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Abraço

O melhor que temos é a capacidade de nos emocionarmos e daí retirarmos uma razão para a existência. Um abraço retrata essa razão, seduz o espírito e torna-nos benevolentes, crentes de que um sopro de sentimento nos aproxima do eterno. Agarramos ao encontro do nosso corpo um calor alheio, os braços, o tronco, a face, a vida que naquele instante destrói as incertezas do momento seguinte. É muito, é tudo, é a humanidade!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Lutar por...

Um vulgar encontro de esquina: os olhos cruzam-se, os corpos param, o sorriso surge, os cumprimentos trocam-se e a pergunta aparece: estás bem?! A resposta não tarda: melhor seria insuportável!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Osmose

Não preciso que me digas a forma do teu rosto e me recontes os segredos, os santos e os pecadores; não preciso sequer que sorrias, nem que me aceites, nem que me aproves no teu olhar. Não preciso de tréguas, nem de guerra, nem de paz, nem de nenhum qualquer pensamento altivo ou derrotado. Não preciso da marca de um sabor passado. Não preciso dos lábios, da pele, da carne, de me sentir entranhado. Não preciso de uma explicação, uma palavra, um sopro de vento quente, doce no meu sentir. Deixei-me ir e retenho em mim cada partícula do que pude saborear.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Sexy...eu?

O tema era, ouvi: as cicatrizes no nosso corpo. A ideia, julgo eu, retratar através do corpo o reflexo mais imediato dos choques da vida. No palco improvisado uma jovem enérgica, espanhola, filha de pais diplomatas, expunha uma, duas, três... as muitas cicatrizes que contavam histórias, as suas histórias, os seus momentos dolorosos, que ali se transformaram em troféus de vida, numa espécie de alegoria. As nossas vidas são de facto todas assim, como os nossos corpos, estão expostas e guardam para si imagens que permanecem. Curioso como a dor de um momento acaba sempre por se transformar em algo diferente, como o tempo trabalha, como o espírito cede, como a aventura continua até ao último sopro. Curioso como o corpo é corpo e o corpo é espírito. Curioso como a vida só é vida existindo um corpo e estando nós presos dentro do corpo procuramos a liberdade no espírito. Curioso como olho para esta imagem e só oiço a rapariga a dizer: sexy... eu?