quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Stop

Stop! Os segundos desciam por ali fora, cruzando o presente com um momento passado. No ar pardacento e enublado choviam os pedidos, moviam-se as bandejas, por debaixo delas os pés que roçavam um chão gasto ao som do compasso... tic tac, tic tac... uma dança, um tango com cafeína e aquela gente imune, imune ao tempo, imune ao som do compasso, imune à dança, imune ao meu olhar que sobrevoava as suas vidas anónimas. Stop! E lá estavam eles, revirados, costas com costas, numa ausência que sendo tão presente não se entende como passa desapercebida.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Milky Way

A manhã desperta... e nem dou conta, um estrondo ecoa no silêncio do sono profundo e os olhos regressam. Há uma explicação mas desconheço-a! Adormeci por debaixo de uma cortina, como o faço sistematicamente, sem ter direito à minha vontade. Caio para o lado e desapareço em sonhos que não encomendei. É de manhã e tudo volta a acontecer. Uns pingos de leite abatem-se sobre um lago silêncioso e provocam um marmoto. Nem me apercebo. Dentro do meu micro cosmos contínuo a acreditar que mundo é apenas a realidade do meu olhar.

sábado, 5 de setembro de 2009

Hoje

Ainda ontem olhava em volta, rodopiava a cabeça e o cérebro seguia-me desencontrado da realidade do meu sentir, como se uma prisão acompanhasse cada passo do meu viver, como se cada passo fugisse do passo seguinte, como se a existência fosse um conjunto de capítulos improvisados. E ainda ontem, enquanto olhava em volta e rodopiava a cabeça e o cérebro seguia-me desencontrado da realidade do meu sentir, fiz as contas aos demónios que me acompanhavam e imaginei para cada um deles uma cara de anjo. E assim ontem passou a ser ontem, perdeu-se no vazio da sua solidão, morreu ali, esmagado num rasto de aromas e flores que me chegaram de improviso do deserto, sem dar conta que ali estava o teu ser.