segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sangue

A tarde estava amena e do céu descia uma luz intensa. Pela praça deambulavam famílias, namorados, amigos, ciclistas ao fresco no final da tarde. Fiquei por ali encostado a uma vedação, entre a praça da igreja e um rio que corre ligeiro, a observar aquele formigar de gente incógnita. Deixei-me estar, deixei o tempo perder-se. Olhei para a esquerda, olhei para a direita. Olhei também um pouco para mim. Fui saboreando aquela procissão até me sentir invisível. Inesperadamente, na boca da praça, um vestido vermelho, uma doce gota de sangue, um rasgo de vida, um pano solene de cardeal... e por debaixo daquele encanto teatral a presença alva de uma flor vivida. Caminhava solenemente só. E lá foi ela, até à porta da igreja, prestar as suas contas na casa de Deus.

2 comentários:

  1. Gosto do que escreves, vou conhecendo melhor outro lado de ti, que já conhecia, mas que agora é partilhado ao público. Obrigada pela partilha :-)

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  2. ;) linda Mike!
    também desenhei uma mulher de vermelho uma vez em Inglaterra :) encontrei-a hoje enquanto preparava a aula para amanhã... :)
    beijinhos e ... queremos mais!!! ;)

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