sábado, 30 de maio de 2009

Pegadas

As pegadas de viajante contém a frescura de um outro ar. Em míudo sonhava poder voar. Primeiro no sentido literal, fantasiando a liberdade de um pássaro, mais tarde a possibilidade de poder partir dentro de uma máquina que consegue o improvável: voar! Mas em míudo sempre andei de carro e fui crescendo com o hábito dos pés no chão. Quando finalmente voei, quando comecei a desfrutar das minhas próprias asas, senti uma tremenda aflição de poder fazer parte dessa história improvável que é: voar! É que quando muito pensamos deixamos de poder sentir, e quando começamos a sentir na pele o que em tempos pensámos, constatamos que nem sempre existe uma irmandade. No final de cada etapa, mais do que uma pergunta ou frase que resuma o tempo que já passou, a alma do viajante sente a essência daquela pegada que experimenta no interior: um testemunho jubiloso e tranquilo ou uma garra afiada que lhe risca o estômago.

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