quarta-feira, 13 de maio de 2009

Red

Feira das Brunheiras, um palco vivo e aceso por montras de gente humilde que duas vezes por mês acampam num terreiro despido. Sobe a alvorada e despertam os olhos estremunhados, destapam-se as mantas, os ferros dobrados, as cordas, as vozes e os sacos que abrigam o sustento daquela gente saltitante. Cheira a café. Cheira a uma humidade adocicada que emana essências das redondezas, cheira a gente, sente-se a gente. Saltam cascas de tremoços para o chão ao sabor de uma mini, entre conversas de roulotte, berros familiares, pregões de vendedores que chamam os olhares passageiros ao encontro da sua horta, da sua pequena loja que vende um pouco de tudo por quase nada, e no meio do frenesim anónimo, onde reinam os tons da gente morena do sul, aquele ser vermelho, vindo não se adivinha de onde, entoa com uma cor vibrante o colorido do nosso mundo.

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